No sábado, acordei mais tarde do que o habitual. Eu havia passado os últimos dias indo de loja em loja, freneticamente, fazendo compras e decorando meu apartamento. Uma nova cortina de seda para a janela da sala de estar, alguns quadros e pôsteres não muito caros para as paredes, alguns pequenos tapetes para os cômodos e uma toalha e copos de verdade para o jantar que iria preparar. Na noite de sexta-feira eu havia trabalhado até de madrugada, colocando enchimento nas capas de almofada que havia comprado e fazendo uma última faxina no apartamento. Apesar de o sol brilhar por entre as frestas de minha janela, iluminando minha cama com listras de luz, só acordei quando ouvi o barulho de alguém martelando. Com uma olhada no relógio, percebi que já passava das 9 horas. Arrastando-me para fora da cama, bocejei e depois fui até a cozinha para preparar um bule de café antes de voltar para o quarto novamente e sair para a varanda, apertando os olhos devido ao brilho do sol. Eu olhei para a varanda de Alina e vi que minha amiga estava no alpendre, com o martelo em punho, pronta para dar mais uma martelada, quando viu que eu havia saído de ali. Alina soltou o martelo.
Alina: Espero não tê-la acordado.
Ariela: Acordou sim, mas está tudo bem. Já passou da hora de eu estar de pé. O que você está fazendo?
Alina: Estou tentando evitar que essa veneziana se solte da parede. Quando eu cheguei em casa ontem à noite, ela estava começando a se desprender e eu tinha certeza de que cairia no meio da noite. E, é claro, pensar que essa veneziana podia me acordar a qualquer minuto se caísse no chão fez com que eu demorasse um bom tempo para conseguir dormir.
Ariela: Você precisa de ajuda?
Alina: Não, já estou quase terminando.
Ariela: Aceita um café, então?
Alina: Um café me parece ótimo. Estarei aí em alguns minutos. – voltei para meu quarto e troquei meu pijama por um short e uma camiseta. Eu escovei os dentes e os cabelos, o suficiente para desembaraçá-los. Ouvi Alina chamar e fui até a porta da frente para abri-la.– Seu ap está ficando muito bonito! Eu adorei os tapetes e os quadros que você escolheu.– dei de ombros, com um sorriso.
Ariela: Bem, estou começando a me acostumar a chamar Santos de lar, eu acho. Imaginei que era hora de começar a transformar este apartamento em um lugar mais permanente.
Alina: Está realmente ótimo. Parece que você está finalmente começando a criar raízes.
Ariela: E seu apartamento? Como está indo?
Alina: Está ficando melhor. Estou investindo em decorações também. Vou convidá-la para dar uma olhada quando estiver pronto.
Ariela: Por onde você esteve? Faz algum tempo que não a vejo. – fez um gesto indicando que aquilo não era tão incomum.
Alina: Estive fora da cidade por alguns dias, a trabalho, e depois fui visitar uma amiga no fim de semana passado. Desde então, estive trabalhando. Você sabe como é.
Ariela: Também estive trabalhando bastante. Tive que cumprir vários turnos no restaurante nos últimos dias.
Alina: E vai trabalhar hoje à noite? – tomei um gole do meu café.
Ariela: Não. Convidei uma pessoa para vir jantar aqui. – os olhos de Alina se iluminaram.
Alina: Posso adivinhar quem é essa pessoa?
Ariela: Você já sabe quem é — tentei evitar ficar com o rosto corado.
Alina: Ah, eu sabia! Que ótimo. Fico muito feliz por você. Já escolheu o que vai vestir?
Ariela: Ainda não.
Alina: Bom, independente do que escolha, tenho certeza de que vai ficar linda. Você vai cozinhar?
Ariela: Você pode não acreditar, mas até que eu sou uma boa cozinheira.
Alina: E o que você vai preparar? – quando eu lhe contei, Alina levantou uma sobrancelha – Parece uma delícia. Vai ser muito bom, estou feliz por você . Por vocês dois, na verdade. Está animada?
Ariela: É apenas um jantar.
Alina: O que significa que você não vai ter problemas em me contar tudo o que aconteceu depois, não é?
Ariela: Acho que você precisa encontrar algum outro passatempo.
Alina: Provavelmente. Mas, neste momento, estou me divertindo bastante com sua vida, já que minha própria vida amorosa quase não existe nesta fase da minha vida. Uma garota precisa sonhar, você não acha?
***
A minha primeira parada foi no salão de cabeleireiros. Lá, uma mulher jovem chamada Fernanda cortou meu cabelo e me fez um belo penteado, passando o tempo inteiro conversando. Do outro lado da rua ficava uma loja e fui até ali em seguida. Embora houvesse passado em frente à loja algumas vezes, enquanto andava pela cidade, eu nunca tinha entrado no estabelecimento. Era uma das lojas em que nunca tinha imaginado que iria querer ou precisar entrar, mas, quando comecei a olhar os produtos, até que tive surpresas agradáveis. Não apenas as mercadorias eram interessantes, mas também os preços. As que estavam em promoção, pelo menos. Foi nelas que eu concentrei minha atenção. Estar sozinha em uma loja de roupas como aquela para fazer compras foi uma experiência intrigante. Há muito tempo não fazia algo assim e, enquanto experimentava peças de roupa diferentes no vestiário, me senti muito mais livre do que nos últimos anos.
Eu comprei duas peças que estavam em promoção, incluindo uma blusa bege que ficava justa ao corpo, com apliques de contas e bordados que valorizavam meu busto e o colo, mas sem exagero. Também encontrei uma bela saia preta que combinava perfeitamente com a blusa. A saia era um pouco mais longa do que eu queria, mas sabia que podia dar um jeito naquilo. Depois de pagar pelas compras, eu andei mais alguns passos e entrei naquela que sabia ser a perfeita loja de sapatos, onde escolhi um par de sandálias. Novamente, aproveitei que as sandálias estavam em promoção e decidi esbanjar um pouco. Sem gastar demais, é claro. Embora fazer compras me deixasse ansiosa, lembrei-me das gorjetas dos últimos dias que haviam sido generosas.
De lá, eu fui até a farmácia para comprar algumas outras coisas e finalmente voltei a andar para atravessar a cidade e ir até o supermercado. Eu não me apressei e aproveitei para andar tranquilamente entre os corredores, sentindo minhas velhas e doloridas memórias tentando voltar para me assombrar — e, desta vez, sem sucesso. Quando terminei, andei de volta para casa e comecei os preparativos para o jantar. Eu iria fazer milanesas. Eu tive que puxar pela memória para me lembrar da receita, mas como já a havia preparado várias vezes no decorrer dos anos, estava confiante de que não havia me esquecido de nada. Como guarnições, decidi que iria preparar arroz de forno com carne moída e pimentões recheados. Para os aperitivos, pedaços de queijo brie enrolados com tiras de bacon, cobertos com uma calda de framboesas.
Fazia um bom tempo que não preparava uma refeição tão elaborada, mas eu sempre gostei de recortar receitas que encontrava em revistas, desde que era mais nova. O gosto pela culinária era a única coisa que eu tinha em comum com minha mãe, com quem compartilhei daquele interesse algumas vezes.
Passei o resto da tarde ocupada com a cozinha. Misturei os ingredientes para o arroz e o coloquei no forno, depois preparei os demais ingredientes para rechear os pimentões e coloquei-os na geladeira com os pedaços de queijo brie enrolados com bacon. Quando o arroz estava pronto, eu o deixei no balcão para esfriar, enquanto começava a preparar a calda de framboesas. Não era nada muito difícil — açúcar, framboesas e água — mas, quando terminei, a cozinha estava com um cheiro maravilhoso. O molho também foi para o refrigerador. O resto poderia esperar até um pouco mais tarde. No quarto, eu encurtei a saia que havia comprado até um dedo acima dos joelhos e depois conferi a casa pela última vez para ter certeza de que tudo estava em seu devido lugar. Finalmente, eu comecei a me despir.
Quando entrei no chuveiro, pensei em Junior. Visualizei seu sorriso tranquilo e sua maneira gentil e graciosa de se mover, e a memória me acendeu uma leve chama na barriga. Embora não quisesse fazer aquilo, imaginei se ele estaria tomando seu banho no mesmo momento em que eu. Havia algo de erótico naquele pensamento, a promessa de algo novo e estimulante. Era apenas um jantar, eu fiz questão de lembrar a mim mesma; mesmo assim, sabia que não estava sendo completamente honesta.
Havia outra força em ação, algo cuja existência eu vinha tentando negar. Sentia-me atraída por ele, mais do que gostaria de admitir. E quando sai do chuveiro, já sabia que teria que tomar cuidado. Junior era o tipo de homem pelo qual eu poderia me apaixonar e aquela ideia me assustava. Eu não estava pronta para algo assim. Pelo menos, não neste momento.
E, logo depois de pensar naquilo, ouvi outro sussurro no fundo de minha cabeça, dizendo “sim”. Talvez estivesse pronta.
Depois de me enxugar, eu hidratei a pele com uma loção corporal de cheiro adocicado, vesti minhas novas roupas e calcei as sandálias antes de aplicar a maquiagem que havia comprado na farmácia. Não precisei de muito, apenas um toque de batom nos lábios, um delineador e um pouco de sombra para os olhos. Escovei o cabelo e finalizei com um par de brincos longos que havia comprado num momento de impulso. Ao terminar, me afastei do espelho.
“Estou pronta”, pensei comigo mesma. “É tudo que eu tenho”. Eu me virei para um lado e depois para o outro, ajustando a blusa até finalmente abrir um sorriso. Havia um bom tempo que não me achava tão bonita.
Embora o sol finalmente tivesse cruzado o céu e brilhasse na direção do poente, o apartamento ainda estava quente e eu abri as janelas da cozinha. A brisa leve bastou para refrescar-me enquanto preparava a mesa. No começo da semana, eu havia comprado uma garrafa de vinho. Assim, coloquei duas taças na mesa. No centro, eu coloquei uma vela e, quando dei um passo para trás para admirar a mesa que havia posto, ouvi toques na porta. Eu percebi pelo relógio que Junior chegara bem no horário. Respirei fundo, tentando acalmar meus nervos. Assim, depois de atravessar a sala e abrir a porta, sai no corredor. Vestido com uma calça jeans e uma camisa azul com as mangas dobradas até os cotovelos, Junior estava em pé ao lado da porta. Seu cabelo ainda estava um pouco molhado perto do pescoço. E ele trazia duas garrafas de vinho na mão. Tudo bem, meu vinho não serviria.
NeymarJr On
Quando a vi, eu me senti como se estivesse paralisado, com uma expressão, inevitável, de pura descrença no rosto. Em pé, ela estava perfeitamente radiante. E, por um momento, tudo o que eu fiz foi olhar fixamente para ela. O meu assombro era óbvio e acho que ela deixou que aquilo tomasse conta de si, sabendo que queria que aquela sensação durasse para sempre.
Ariela: Você veio — disse ela. O som da voz de Ariela foi o suficiente para quebrar o transe, mas eu continuei a olhar para ela. Eu sabia que deveria dizer algo inteligente ou bem humorado para quebrar a tensão. Entretanto, eu me apanhei pensando: “Estou encrencado. Muito encrencado”. Eu não sabia exatamente o momento em que aquilo havia acontecido. Ou mesmo quando havia começado. Tudo o que eu sabia com certeza era que, ali e naquele momento, eu estava me apaixonando perdidamente por aquela garota e que esperava que ela sentisse o mesmo em relação a mim. Após alguns momentos, eu finalmente consegui limpar minha garganta.
NeymarJr: É... Acho que sim.
NeymarJr Off
O céu do início da noite era um prisma de cores enquanto eu conduzia Junior pela modesta sala de estar em direção à cozinha.
Ariela: Não sei o que você acha, mas eu gostaria muito de abrir o vinho agora.
NeymarJr: É uma boa ideia. Eu não sabia o que você iria preparar, então trouxe esses que, naturalmente, não sei como se pronuncia os nomes. — rimos — Você tem preferência por algum deles?
Ariela: Vou deixar que você escolha.
Na cozinha, eu me apoiei contra o balcão, deixando uma perna por cima da outra, enquanto Junior preparava o saca-rolhas para abrir a garrafa. Pela primeira vez, ele parecia estar mais nervoso do que eu. Com uma série de movimentos rápidos, ele abriu a garrafa de sauvignon blanc. Eu coloquei as taças no balcão ao lado dele, percebendo o quão próximos estávamos.
NeymarJr: Eu devia ter dito isso assim que cheguei aqui. Você está linda.
Ariela: Obrigada. — sorri.
Ele serviu um pouco do vinho, colocou a garrafa sobre o balcão e entregou o copo a mim.
NeymarJr: Acho que você vai gostar do vinho. Pelo menos, é o que eu espero.
Ariela: Tenho certeza de que vou adorar – levantei o copo — Vamos brindar – toquei a taça de Junior com a minha. Eu tomei um gole, sentindo-me extraordinariamente feliz com tudo: com minha própria aparência, o sabor do vinho, o aroma suave do molho de framboesas que ainda perfumava o ar, a maneira como Junior olhava para mim, esforçando-se para não parecer indiscreto. — Gostaria de se sentar na varanda do meu quarto? — ele assentiu. Ao sairmos pela porta do meu quarto, nos sentamos cada um em uma das cadeiras de balanço. No ar que esfriava lentamente, um grilo começou a cantar, dando as boas-vindas para a noite que chegava. Eu saboreei o vinho, apreciando o toque frutado que a bebida deixava em minha língua. — E como está Davi?
NeymarJr: Ele está bem. Eu assisti um filme com ele hoje.
Ariela: Mas o dia estava tão bonito hoje, perfeito para alguma atividade ao ar livre. – ri e ele entendeu a piada, revirando os olhos. – Vou ter que trabalhar amanhã.
NeymarJr: Talvez eu possa aparecer no restaurante para te incomodar.
Ariela: Você não me incomodou nem um pouco quando esteve lá — olhei para Junior por cima de minha taça de vinho – Bem, na verdade, eu me lembro de alguém ter reclamado da qualidade do serviço.
NeymarJr: Os paparazzis tem dessas coisas mesmo — eu ri antes de me balançar em minha cadeira.
Ariela: Quando não estou trabalhando, gosto de me sentar aqui e ler. O lugar é muito tranquilo, sabia? Às vezes parece que sou a única pessoa num raio de alguns quilômetros.
NeymarJr: Mas você é a única pessoa por aqui. Você vive praticamente isolada — ironizou. Eu lhe dei um tapa amistoso no ombro.
Ariela: Veja lá como fala. Gosto bastante do meu apartamento.
NeymarJr: E tem razão. Ele está melhor do que imaginei que estaria. É bem aconchegante.
Ariela: Ainda não está como eu quero, mas estou chegando lá. É um trabalho em progresso. E o melhor de tudo é que ele é meu e ninguém irá tirá-lo de mim. – foi a vez de Junior olhar para mim. Meu olhar se perdeu.
NeymarJr: Está tudo bem? — levei algum tempo para responder.
Ariela: Estava apenas pensando que estou muito feliz por você estar aqui. Você nem me conhece... – ele se movimentava para frente e para trás na cadeira de balanço.
NeymarJr: Que tal se eu lhe disser o que acho que sei a seu respeito e você me diz se estou certo ou errado? Podemos fazer assim? – acenei positivamente com a cabeça, apertando os lábios. Quando Junior prosseguiu, sua voz era suave – Eu acho que você é inteligente e charmosa, e que você é uma pessoa de bom coração. Eu sei que, quando quer, você sabe se preparar para ficar ainda mais linda do que qualquer pessoa que eu já tenha conhecido. Você é independente, tem um bom senso de humor e demonstra uma paciência incrível para lidar com crianças. Você tem razão quando diz que não conheço detalhes específicos sobre seu passado, mas não imagino que eles sejam importantes, a menos que você queira me contar a respeito deles. Todo mundo tem um passado, mas ele se limita a ser apenas o passado. Você pode aprender com ele, mas não pode mudá-lo. A pessoa que eu conheço é aquela que eu quero conhecer ainda melhor. – enquanto ele falava, abri um sorriso frágil.
Ariela: Você fala como se tudo fosse muito simples.
NeymarJr: Pode ser tão simples quanto você quiser que seja. – eu girei a taça entre os dedos, segurando-a pela haste, enquanto considerava aquelas palavras.
Ariela: E se o passado não for realmente passado? E se ainda estiver acontecendo? – Junior continuou a me encarar.
NeymarJr: Você tem medo de que ele a encontre. – titubeei.
Ariela: O que você disse?
NeymarJr: Você ouviu o que eu disse – Ele manteve a voz firme e tranquila, em um tom quase conversacional – Eu sei que você já foi casada. E que talvez seu ex marido esteja tentando descobrir onde você está. – me senti paralisada e meus olhos se arregalaram. Repentinamente, senti dificuldade para respirar e me levantei da cadeira em um salto, derramando o que restava do meu vinho. Eu recuei um passo, afastando-me dele, olhando-o fixamente e sentindo meu rosto empalidecer.
Ariela: Como você sabe tudo isso sobre mim? Quem lhe contou? – minha mente trabalhava em alta velocidade, tentando descobrir o que havia acontecido. Junior não poderia saber de tudo aquilo. Não era possível. Eu não havia contado a ninguém. Com exceção de Alina. Perceber aquilo foi o bastante para me tirar o fôlego e eu olhei para a varanda que ficava ao lado da minha. Minha vizinha havia me traído a confiança, pensei. Minha amiga havia me traído. Os pensamentos corriam rapidamente pela minha mente.
NeymarJr: Ninguém me contou nada – garantiu – Mas sua reação mostra que estou certo. De qualquer forma, isso não tem importância. Não conheço essa pessoa, Ariela. Se você quiser me contar sobre seu passado, estou disposto a escutá-la e ajudar de qualquer maneira que esteja ao meu alcance, mas não vou lhe perguntar nada a respeito. E, se você não quiser me contar, também não há problema algum. Como eu te disse, não conheço essa pessoa. Você deve ter bons motivos para querer guardar segredo, o que significa que eu também não vou contar nada a ninguém. Não importa o que aconteça entre nós. Se você quiser inventar um novo passado para você, vá em frente. Darei meu respaldo total e confirmarei cada palavra que você disser. Pode confiar em mim. – olhei para ele enquanto ele falava, sentindo-me confusa, amedrontada e enraivecida, mas ouvindo atentamente cada palavra.
Ariela: Mas... como?
NeymarJr: Ouvi sua conversa e da Alina aquele dia. Desculpa! – continuei olhando para ele, ainda imersa em pensamentos. Finalmente, ele se levantou da cadeira e deu um passo cauteloso em minha direção – Posso lhe servir mais um copo de vinho? – Ainda envolvida em um turbilhão de emoções, eu não consegui responder, mas quando Junior estendeu a mão para pegar meu copo, deixei que ele o tomasse. A porta da varanda se abriu com um rangido e se fechou por trás dele, deixando-me sozinha.
Andei até o parapeito, lutando contra o caos que dominava meus pensamentos. Eu resisti ao instinto de fazer as malas, pegar a lata de café cheia de dinheiro e sair da cidade assim que pudesse. Mas o que faria? Se Junior conseguira descobrir a verdade, então seria possível que outra pessoa conseguisse fazer o mesmo. E, por uma obra qualquer do destino, talvez essa outra pessoa não fosse gentil como Junior.
Por trás de mim, ouvi a porta se abrir de novo. Junior saiu para a varanda e foi até o parapeito, colocando a taça em minha frente.
NeymarJr: Já terminou de pensar?
Ariela: No quê?
NeymarJr: Se você vai fugir para algum lugar desconhecido assim que puder? – me virei para ele, com uma expressão chocada no rosto. Ele levantou as mãos, mostrando-me as palmas. – No que mais você estaria pensando? Mas, apenas para que você saiba, estou curioso apenas porque estou começando a sentir fome. Seria horrível se você saísse correndo antes do nosso jantar. – demorei alguns segundos para perceber que ele estava brincando. Embora não acreditasse que fosse possível, considerando os últimos minutos de minha conversa com Junior, percebi que estava sorrindo aliviada.
Ariela: Ainda vamos jantar, não se preocupe.
NeymarJr: E amanhã? – em vez de responder, eu peguei a taça de vinho.
Ariela: Quero que você me conte como descobriu isso.
NeymarJr: Não foi apenas uma coisa – disse Junior, mencionando em seguida algumas das coisas que havia percebido no decorrer dos dias – A maioria das pessoas não conseguiria juntar as peças, como eu também não consegui a princípio. Mas depois de ouvir parte da conversa de vocês... – eu olhava para o fundo do meu copo.
Ariela: Você conseguiu.
NeymarJr: Não tive como evitar – eu pensei naquela resposta.
Ariela: Isso significa que você já sabia disso há algum tempo. Ou que, pelo menos, desconfiava.
NeymarJr: Sim — admitiu.
Ariela: E foi por isso que você nunca perguntou sobre meu passado.
NeymarJr: Isso mesmo.
Ariela: E mesmo assim você queria sair comigo. – a expressão no rosto de Junior era séria.
NeymarJr: Eu quero sair com você desde o dia em que a vi pela primeira vez. Simplesmente tive que esperar até que você tivesse pronta. – com os últimos raios do sol desaparecendo no horizonte e o crepúsculo se aproximando, o céu azul e sem nuvens ganhava tons de um violeta pálido. Nós estávamos em frente ao parapeito da varanda e Junior observava-me. – Você não respondeu a minha pergunta — disse ele, finalmente quebrando o silêncio. Permaneci quieta por alguns momentos, antes de deixar um sorriso tímido se formar em meu rosto.
Ariela: Acho que vou continuar em Santos por mais algum tempo, se é isso que você quer saber – Junior inspirou.
Junior: Você sabe que pode confiar em mim. – me inclinei e apoiei a cabeça no peito dele, sentindo a força daquele garoto enquanto ele colocava seu braço ao redor do meu corpo.
Ariela: Acho que não tenho escolha, não é?
Continuaa
ResponderExcluirAmei!
ResponderExcluirAdorei,continua
ResponderExcluirCarakaaaaaa, chocada que ela já foi casada.
ResponderExcluirTo amando
Affff meu, tão perfeito que não aguento de curiosidade para o próximo
ResponderExcluirArffs, na melhor parte ela para, continuaaaa
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