Acordei na manhã seguinte, me levantei, fui até a cozinha e preparei um pouco de café, coloquei numa xícara indo até a varanda logo em seguida. Me apoiei contra o parapeito e fiquei apenas observando a vista. Bom, eu gostava dali. Santos era diferente, me sentia segura por ali. Além disso, era a primeira vez na minha vida que tinha um lugar pra chamar de meu. O apartamento não era grande, mas era meu e discreto, e isso bastava. A sala e a cozinha eram pequenas e o quarto não tinha armários embutidos, mas o apartamento já era mobiliado, incluindo cadeiras de balanço na varanda, e o aluguel até que era barato.
Peguei o livro que tinha pego emprestado na biblioteca e fiquei ali lendo e tomando meu café, perdida em meio aos pensamentos...
XxX: Bom dia. Você deve ser Ariela – chamou uma voz, interrompendo meus devaneios. Me virei. Na varanda ao lado vi uma moça, ela parecia ter minha idade, ou sei lá. – Antônio disse que teríamos você como vizinha – Antônio, o dono dos apartamentos, pensei – Me chamo Alina
Ariela: É um prazer – sorri pra ela.
Alina: Dá pra acreditar nesse tempo? Tá perfeito...
Ariela: Verdade.. – concordei – quando se mudou pra cá?
Alina: Ontem à tarde. E por ironia do destino, passei quase a noite toda espirrando. Acho que juntaram toda poeira do mundo e colocaram aqui. – ri.
Ariela: Aqui estava do mesmo jeito
Alina: Faz tempo que você mora aqui?
Ariela: Quase dois meses
Alina: E o que está achando de Santos? É totalmente diferente, né?
Ariela: Como assim?
Alina: Você não é daqui. Seu sotaque já diz tudo. – assenti depois de alguns segundos – Foi o que pensei. Já se acostumou com Santos? Calor e tal..
Ariela: Até que sim. Você nasceu aqui?
Alina: Cresci aqui, depois saí e voltei após um bom tempo... – sorri e por um momento nenhuma de nós dissemos qualquer palavra. Alina parecia contente em ficar ali, esperando meu próximo movimento. Tomei um gole de café, olhando em direção aos carros que passavam ali embaixo e me lembrei da boa educação que recebi.
Ariela: Aceita uma xícara de café? Acabei de fazer.
Alina: Sabe, eu tava esperando que você dissesse isso. – ri sem graça – Eu adoraria tomar uma xícara de café. Todas as coisas aqui, ainda tão nas caixas, meu carro tá na oficina e minha irmã não deixa eu pegar seu carro. Faz ideia do quanto é difícil ficar sem cafeína?
Ariela: É, eu imagino como deve ser.
Alina: Bom, só pra constar eu sou uma verdadeira viciada em café. – ri fraco – Especialmente em dias como hoje que tenho muito trabalho. Odeio desencaixotar coisas. Tentar descobrir onde colocar cada coisa. Mas não se preocupe, eu e minha irmã não somos o tipo de vizinha que pede ajuda pra organizar a casa. Por outro lado, uma xícara de café...
Ariela: Vem aqui. – ela saiu ali da varanda e depois de alguns longos minutos, escutei batidas na porta, abri a mesma – Entre, só não repare na mobília. Quase tudo já tava aqui quando eu cheguei. – ela entrou. Entramos na cozinha e tirei uma xícara do armário, enchi até a borda e entreguei pra Alina – Desculpa, não tenho adoçante, nem açúcar.
Alina: Não, tudo bem.. – disse pegando a xícara. Ela soprou e logo em seguida tomou um gole – Pqp, a partir de agora, você é oficialmente minha melhor amiga no mundo inteiro. Que delicia! – ri e ela me acompanhou até a varanda do meu quarto, onde nos sentamos.
Ariela: Que bom que gostou.
Alina: Eu amei! – ri – Então, Antônio disse que você trabalha num restaurante.
Ariela: É, sou uma das garçonetes.
Alina: Entendi. E o que te trouxe ao Brasil? Tenho certeza que não foi a possibilidade de uma carreira de sucesso num restaurante. Você tem família aqui? Pais? Irmãos ou irmãs?
Ariela: Minha mãe morou aqui por algum tempo, acabou aprendendo o português e me passando o conhecimento. Mas aqui, atualmente, apenas eu mesma.
XxX: Bom dia. Você deve ser Ariela – chamou uma voz, interrompendo meus devaneios. Me virei. Na varanda ao lado vi uma moça, ela parecia ter minha idade, ou sei lá. – Antônio disse que teríamos você como vizinha – Antônio, o dono dos apartamentos, pensei – Me chamo Alina
Ariela: É um prazer – sorri pra ela.
Alina: Dá pra acreditar nesse tempo? Tá perfeito...
Ariela: Verdade.. – concordei – quando se mudou pra cá?
Alina: Ontem à tarde. E por ironia do destino, passei quase a noite toda espirrando. Acho que juntaram toda poeira do mundo e colocaram aqui. – ri.
Ariela: Aqui estava do mesmo jeito
Alina: Faz tempo que você mora aqui?
Ariela: Quase dois meses
Alina: E o que está achando de Santos? É totalmente diferente, né?
Ariela: Como assim?
Alina: Você não é daqui. Seu sotaque já diz tudo. – assenti depois de alguns segundos – Foi o que pensei. Já se acostumou com Santos? Calor e tal..
Ariela: Até que sim. Você nasceu aqui?
Alina: Cresci aqui, depois saí e voltei após um bom tempo... – sorri e por um momento nenhuma de nós dissemos qualquer palavra. Alina parecia contente em ficar ali, esperando meu próximo movimento. Tomei um gole de café, olhando em direção aos carros que passavam ali embaixo e me lembrei da boa educação que recebi.
Ariela: Aceita uma xícara de café? Acabei de fazer.
Alina: Sabe, eu tava esperando que você dissesse isso. – ri sem graça – Eu adoraria tomar uma xícara de café. Todas as coisas aqui, ainda tão nas caixas, meu carro tá na oficina e minha irmã não deixa eu pegar seu carro. Faz ideia do quanto é difícil ficar sem cafeína?
Ariela: É, eu imagino como deve ser.
Alina: Bom, só pra constar eu sou uma verdadeira viciada em café. – ri fraco – Especialmente em dias como hoje que tenho muito trabalho. Odeio desencaixotar coisas. Tentar descobrir onde colocar cada coisa. Mas não se preocupe, eu e minha irmã não somos o tipo de vizinha que pede ajuda pra organizar a casa. Por outro lado, uma xícara de café...
Ariela: Vem aqui. – ela saiu ali da varanda e depois de alguns longos minutos, escutei batidas na porta, abri a mesma – Entre, só não repare na mobília. Quase tudo já tava aqui quando eu cheguei. – ela entrou. Entramos na cozinha e tirei uma xícara do armário, enchi até a borda e entreguei pra Alina – Desculpa, não tenho adoçante, nem açúcar.
Alina: Não, tudo bem.. – disse pegando a xícara. Ela soprou e logo em seguida tomou um gole – Pqp, a partir de agora, você é oficialmente minha melhor amiga no mundo inteiro. Que delicia! – ri e ela me acompanhou até a varanda do meu quarto, onde nos sentamos.
Ariela: Que bom que gostou.
Alina: Eu amei! – ri – Então, Antônio disse que você trabalha num restaurante.
Ariela: É, sou uma das garçonetes.
Alina: Entendi. E o que te trouxe ao Brasil? Tenho certeza que não foi a possibilidade de uma carreira de sucesso num restaurante. Você tem família aqui? Pais? Irmãos ou irmãs?
Ariela: Minha mãe morou aqui por algum tempo, acabou aprendendo o português e me passando o conhecimento. Mas aqui, atualmente, apenas eu mesma.
Alina: Veio por causa de um namorado?
Ariela: Não.
Alina: Então você simplesmente... se mudou pra cá?
Ariela: É
Alina: E por que quis fazer isso? – Bom... não respondi. Eram as mesmas perguntas que todos haviam feito. Eu sei que não há motivos ou intenções por trás dessas perguntas, apenas curiosidade natural. Mesmo assim, eu nunca soube direito o que responder, além da verdade.
Ariela: Eu queria um lugar onde pudesse recomeçar a vida. – Alina tomou outro gole de café, aparentemente ponderando minha resposta. Mas, pra minha surpresa, ela não continuou a fazer perguntas. Simplesmente fez que sim com a cabeça.
Alina: Isso faz muito sentido. Às vezes, começar de novo é exatamente o que uma pessoa precisa. E eu acho admirável. Muitas pessoas não têm coragem.
Ariela: Você acha?
Alina: Eu tenho certeza – sorriu – E então, que planos você tem pra hoje? O que vai fazer enquanto eu estiver bufando, ouvindo minha irmã reclamando da vida, desembalando coisas e limpando tudo até que minhas mãos estejam em carne viva? – ri do seu exagero.
Ariela: Mais tarde tenho que trabalhar. Mas, fora isso, poucas coisas. Preciso ir ao supermercado e comprar algumas coisas. – Alina terminou de tomar seu café, me entregou a xícara e suspirou.
Ariela: Não.
Alina: Então você simplesmente... se mudou pra cá?
Ariela: É
Alina: E por que quis fazer isso? – Bom... não respondi. Eram as mesmas perguntas que todos haviam feito. Eu sei que não há motivos ou intenções por trás dessas perguntas, apenas curiosidade natural. Mesmo assim, eu nunca soube direito o que responder, além da verdade.
Ariela: Eu queria um lugar onde pudesse recomeçar a vida. – Alina tomou outro gole de café, aparentemente ponderando minha resposta. Mas, pra minha surpresa, ela não continuou a fazer perguntas. Simplesmente fez que sim com a cabeça.
Alina: Isso faz muito sentido. Às vezes, começar de novo é exatamente o que uma pessoa precisa. E eu acho admirável. Muitas pessoas não têm coragem.
Ariela: Você acha?
Alina: Eu tenho certeza – sorriu – E então, que planos você tem pra hoje? O que vai fazer enquanto eu estiver bufando, ouvindo minha irmã reclamando da vida, desembalando coisas e limpando tudo até que minhas mãos estejam em carne viva? – ri do seu exagero.
Ariela: Mais tarde tenho que trabalhar. Mas, fora isso, poucas coisas. Preciso ir ao supermercado e comprar algumas coisas. – Alina terminou de tomar seu café, me entregou a xícara e suspirou.
Alina: Agora tenho que ir se não minha irmã me mata.
Ariela: Ta bom. – deixei as xícaras na pia e fui até a porta com ela.
Alina: Deseje-me sorte
Ariela: Boa sorte – rimos. Ela saiu e acenou, eu apenas sorri.
Ela parecia ser bem amistosa, mas eu não sabia se estava preparada pra ter uma vizinha. Embora fosse bom ter alguém com quem poderia conversar de vez em quando, eu me acostumara a ficar sozinha. Mesmo assim, sabia que viver em um país diferente significava que meu isolamento autoimposto não duraria pra sempre. Eu tinha que sair pra trabalhar, fazer compras e andar pela cidade; alguns dos clientes do restaurante já me conheciam. Além disso, tinha que admitir que gostara de conversar com a Alina. Por algum motivo, eu sentia que ela tinha algo além disso que deixava transparecer. Algo que à tornava digna de confiança, mesmo eu não podendo explicar o que era.
Ariela: Ta bom. – deixei as xícaras na pia e fui até a porta com ela.
Alina: Deseje-me sorte
Ariela: Boa sorte – rimos. Ela saiu e acenou, eu apenas sorri.
Ela parecia ser bem amistosa, mas eu não sabia se estava preparada pra ter uma vizinha. Embora fosse bom ter alguém com quem poderia conversar de vez em quando, eu me acostumara a ficar sozinha. Mesmo assim, sabia que viver em um país diferente significava que meu isolamento autoimposto não duraria pra sempre. Eu tinha que sair pra trabalhar, fazer compras e andar pela cidade; alguns dos clientes do restaurante já me conheciam. Além disso, tinha que admitir que gostara de conversar com a Alina. Por algum motivo, eu sentia que ela tinha algo além disso que deixava transparecer. Algo que à tornava digna de confiança, mesmo eu não podendo explicar o que era.
Voltei até a pia, lavei as xícaras de café e depois as coloquei no armário. Como esse ato era muito familiar – guardar duas xícaras após o café, pela manhã –, por um instante me senti dominada pela vida que deixei pra trás. Minhas mãos começaram a tremer. Forcei uma na outra, respirei fundo algumas vezes, até conseguir me acalmar. Há dois meses, não seria capaz de fazer isso. Mesmo há duas semanas, há pouco o que posso fazer para impedir esses tremores involuntários. Embora estar feliz em conseguir evitar que os ataques de ansiedade me dominassem, também significava que estava me sentindo confortável ali, e isso me assustava. Afinal, sentir-me confortável significava que poderia abaixar minhas defesas, o que é algo que não eu poderia deixar acontecer, de maneira alguma. Mesmo assim, estava satisfeita por ter ido parar em Santos.
Calcei meu único par de tênis, um All Star velho, um jeans e uma blusa branca.
As gavetas da cômoda estavam quase vazias e praticamente não tinha comida na cozinha, mas quando saí de casa e encarei o sol que brilhava do lado de fora enquanto ia caminhando para o supermercado, pensei: "Esse é meu lar". Respirando fundo, enfim... não era tão feliz assim há anos.
NeymarJr ON
Estava no supermercado com a Rafa quando a vi novamente. Na primeira vez, ela estava magra e pálida, quase raquítica e digna de pena. Normalmente eu não olharia pra ela. Mas ela é diferente, sei lá... Mantinha sempre a cabeça baixa enquanto andava pelos corredores de verduras e legumes, ou qualquer outro lugar, como se tentasse passar despercebida, como um fantasma em forma humana. Infelizmente, pra ela, isso não funcionava. Ela era atraente demais pra não ser notada. Ainda não devia ter feito 24 anos, imagino. Não usava maquiagem, tinha as maçãs do rosto proeminentes e olhos grandes, lhe dando uma aparência elegante, embora um pouco frágil. Quando ela veio até a caixa registradora, percebi que, de perto, ela era ainda mais bonita do que notei enquanto andei entre os corredores. Tinha olhos de um verde bem clarinho com alguns tons dourados, quase imperceptível, e seu sorriso breve e distraído desapareceu tão rapidamente quanto surgiu. Ela colocou no balcão: café, arroz, aveia em flocos, macarrão, pasta de amendoim e alguns artigos de higiene pessoal. Nada além do necessário. Pensei em puxar conversa, mas que sentido teria?
Ariela: Você tem feijões? Que não seja daqueles marrons? – perguntou à mulher do caixa.
XxX: Não. Não costumamos ter esse tipo de estoque. – ela guardou as compras dela em uma sacola e percebi que ela olhou pela janela, distraidamente, mordendo seu lábio inferior. Por algum motivo, tive a estranha impressão de que ela estava a ponto de chorar. Limpei a garganta e falei.
NeymarJr: Acho que tem feijões no próximo supermercado, é a três quarteirões daqui. Te levo até lá, se quiser. – ela, a Rafa e até a moça do caixa me olharam surpresas, e talvez ela tivesse se lembrado de mim, por ontem, no restaurante, e como não lembrar né?
Ariela: Não quero incomodar – ela respondeu com a voz baixa, diria até que mais baixa que um murmúrio. A mesma pagou a conta com notas de baixo valor e, depois de pegar a sacola plástica, saiu da loja. Para minha surpresa, ela continuou andando depois de sair do estacionamento, e foi naquele momento que percebi que ela não tinha chegado de carro ali. Isso só aumentou minha curiosidade.
Ariela: Você tem feijões? Que não seja daqueles marrons? – perguntou à mulher do caixa.
XxX: Não. Não costumamos ter esse tipo de estoque. – ela guardou as compras dela em uma sacola e percebi que ela olhou pela janela, distraidamente, mordendo seu lábio inferior. Por algum motivo, tive a estranha impressão de que ela estava a ponto de chorar. Limpei a garganta e falei.
NeymarJr: Acho que tem feijões no próximo supermercado, é a três quarteirões daqui. Te levo até lá, se quiser. – ela, a Rafa e até a moça do caixa me olharam surpresas, e talvez ela tivesse se lembrado de mim, por ontem, no restaurante, e como não lembrar né?
Ariela: Não quero incomodar – ela respondeu com a voz baixa, diria até que mais baixa que um murmúrio. A mesma pagou a conta com notas de baixo valor e, depois de pegar a sacola plástica, saiu da loja. Para minha surpresa, ela continuou andando depois de sair do estacionamento, e foi naquele momento que percebi que ela não tinha chegado de carro ali. Isso só aumentou minha curiosidade.
Adorei..Continua
ResponderExcluirSocorro, viciei com dois capítulos
ResponderExcluirContinuaaaa
Postaaaaaaaa pelo amor de Deus
ResponderExcluirVocê escreve muito bem. Tá ótimo assim.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirTo viciadonaaaaa, continua
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